Muitos pacientes que chegam em meu consultório relatam que vêm sofrendo crises de ansiedade, e que só descobriram depois de irem ao pronto atendimento hospitalar. Após receberem o diagnóstico, recebem a notícia que o tratamento precisa ser acompanhado por um psicologo/psicologa e, então, vão em busca de atendimento psicoterápico.
Essa notícia as surpreendem pois ansiedade é normalmente associada com antecipação do futuro ou uma emoção de fácil entendimento - bem diferente da sensação de colapso e necessidade de um socorro imediato.
O papel do psicologo é justamente ajudar o paciente a detectar a causa da ansiedade e conseguir se acalmar. Ao compreender o que acontece, o paciente consegue se antecipar à crise e reagir aos sintomas. O objetivo deste texto é instruir o leitor sobre o conceito de ansiedade e convidá-lo a se perceber e detectar quando está diante de uma crise e que medidas tomar para amenizá-la.
Ansiedade é uma reação de nosso organismo quando reconhecemos que há um perigo prestes a acontecer, ou seja, nos preparamos para enfrentar ou fugir. Assim como acontece com os animais, nosso corpo reage liberando um hormônio chamado adrenalina. Nosso sangue vai para a periferia - para os membros e o rosto - e nosso corpo fica em estado de alerta e estresse. Depois que passa o momento, há a liberação de outro hormônio, chamado cortisol, que trabalha para garantir que voltemos ao equilíbrio. Porém, quando o perigo iminente está na nossa mente, toda essa reação ocorre no nosso corpo, mesmo que na realidade não há perigo algum.
Essa reação, os sintomas, são reais como falta de ar, taquicardia, sudorese, dor de cabeça, pressão no peito e na região do osso esterno, tremores, confusão mental, sensação de sufocamento, dores no corpo, entre outros. A pessoa pode achar que está com um problema de saúde, pensar que está perdendo o controle de si, que vai enlouquecer, que ninguém vai conseguir ajudá-la a tempo, etc.
O que é difícil compreender, quando estamos ansiosos, é que muitas vezes são nossos pensamentos os grandes desencadeadores dessas reações; principalmente, porque acreditamos 100% neles. Criamos situações hipotéticas e catastróficas em nossas mentes.
Quando conseguimos detectar que tudo isso ocorre dentro de nós, e ficamos conscientes o suficiente para compreender e lidar com esses pensamentos, a tendência é nos acalmar. Podemos questioná-los, por exemplo ao perguntar quais as chances de acontecer. Há pensamentos que são pertinentes com a realidade, afinal somos seres racionais. E uma das maiores habilidades que adquirimos é de pensar nas consequências de nossas atitudes ou de fatos. Nesse caso, pensar em soluções pode ajudar.
Na hora da crise é muito difícil pensar em soluções, pois somos inundados pelas emoções e sensações físicas. Então, quando mais calmos, podemos analisar mais racionalmente estes pensamentos, buscar imaginar o que fazer caso o que pensamos, acontecer.
Fazer exercícios respiratórios pode ajudar a oxigenar e melhorar a frequência cardíaca; conversar com quem está perto e falar que você não está se sentindo bem; seguir orientações médicas anteriores (caso você já tenha procurado ajuda médica antes); procurar um médico para ele medicar ou prescrever um medicamento de uso contínuo, caso haja necessidade; e/ou buscar serviços de plantão psicológico.
Buscar ajuda sempre é importante, não precisa sofrer sozinho. Então, dois fatores que nos acalmam quando estamos ansiosos: questionar a veracidade de nossos pensamentos e buscar soluções.
Segundo Aaron Beck (1999), precursor das teorias cognitivas e teoria cognitiva comportamental, a interpretação de situações que ocorreram, ou estão ocorrendo conosco, gera pensamentos que desencadeiam emoções e comportamentos. A forma como vemos alguma coisa influencia nossas emoções e nossas reações fisiológicas e comportamentais. Se temos pensamentos negativos, tendemos a ter emoções negativas e comportamentos de esquiva. Por exemplo, se uma pessoa conhecida passa perto de mim e não me comprimenta, se eu achar que ela está brava comigo, posso sentir angustia, tristeza e até me afastar dela. Mas, se eu imagino que ela não me viu por algum motivo ou estava com o pensamento longe, então, posso chegar nela, comprimentá-la e ainda comentar que da última vez essa pessoa não me viu. E assim, ficar mais satisfeita.
A forma como interpretamos o mundo ao redor nos faz ser mais adaptados ou não ao meio. E os pensamentos chamados de “pensamentos automáticos”, podem reforçar emoções e comportamentos.
Assim, se uma pessoa acredita que seus pensamentos de perigo iminente são reais, poucas soluções terá em mente e não conseguirá, sozinha, se acalmar. Quando buscamos ajuda para amenizar a crise ou cessá-la, tratamos nosso corpo e, consequentemente, nossa mente. O corpo calmo, a respiração normalizada nos permite pensar com mais clareza.
Estamos em constante transformação e aprendizado. O que traz a saúde mental, de acordo com esta teoria é a capacidade de mudar nosso ponto de vista para outro mais realista. E esta capacidade pode ser adquirida no processo psicoterapeutico. Mesmo que pareça que uma situação ou conflito psicológico vai durar para sempre, com a intervenções e tratamentos adequados iremos melhorar.
Neste artigo, exploramos as causas da ansiedade e os sintomas que podem ocorrer durante uma crise. Aprendemos que os pensamentos podem desencadear a ansiedade, e que a abordagem cognitivo-comportamental pode ser útil para ajudar a identificar e lidar com esses pensamentos. Além disso, vimos algumas técnicas simples, como exercícios de respiração e buscar ajuda profissional, que podem ajudar a prevenir e tratar crises de ansiedade.
É importante lembrar que cada pessoa é única e pode responder de forma diferente às técnicas de controle de ansiedade. Portanto, é fundamental buscar ajuda profissional para avaliar o tratamento mais adequado para cada caso. Com o suporte de profissionais qualificados e as técnicas certas, é possível controlar os sintomas da ansiedade e ter uma vida mais equilibrada e saudável.